Vários filmes têm sido responsáveis por deixar um legado de frases e expressões que enriquecem o cotidiano com suas múltiplas significações e suas referências a situações e personagens que se tornaram populares graças justamente ao sucesso dessas películas.
Meu nome é Bond... James Bond
Desde que em "
O Satânico Dr. No" (direção Terence Young, 1962) o agente secreto britânico 007 começou educadamente a apresentar-se às pessoas, ele criou um dos ícones da saga de
James Bond no cinema. Foi a partir dali também que ele não parou de beber pelo menos um dose de dry martini em cada aventura. Ambos são símbolos da elegância do superagente que a serviço de Sua Majestade tem licença para matar, combate supervilões internacionais com plano de dominar o mundo e seduz as mais belas garotas em todos os cantos do planeta. Normalmente ele faz tudo isso sem se importar em revelar seu verdadeiro nome, afinal vestido em impecáveis smokings e desfilando charme seria um desperdício para seu ego caso todos não soubessem que seu nome é Bond... James Bond.
Hasta la vista, baby
Escalar Arnold Schwarzenegger como um dos protagonistas poderia ser uma temeridade para qualquer filme. Mas fazê-lo interpretar um robô enviado ao passado para alterar o futuro acabou sendo um dos grandes trunfos da série apocalíptica "
O Exterminador do Futuro". É da boca do ator que saem frases inesquecívies, como o "eu voltarei" dito por ele na cena em que busca sua presa na delegacia de polícia no primeiro filme lançado em 1984. As frases curtas vindas de um Schwarzenegger com expressão facial fria e sotaque austríaco tornaram-se memoráveis. Uma das mais citadas na cultura popular vem da sequência "O Exterminador do Futuro 2 - O Julgamento Final" (direção James Cameron, 1991). Nela, o cyborg monosilábico T-800 interpretado pelo futuro governador da Califórnia está prestes a eliminar seu cruel oponente T-1000 quando solta a frase poliglota "hasta la vista, baby". Desde então, ela caiu no gosto popular e passou a ser usada por Scwarzenegger como marca registrada em sua carreira política.
Eu vejo pessoas mortas
A frase dita pelo garotinho Cole ao psicólogo Malcolm Crowe, um ano após este ter levado um tiro de um paciente, é não só uma pista para descobrir o que está acontecendo em "
O Sexto Sentido" (direção M. Night Shyamalan, 1999) como também é uma das mais aterrorizantes e populares frases do cinema. "Eu vejo pessoas mortas" é tão pungente nos gêneros de suspense e terror como foram as expressões "eles estão aqui", dita pela pequena Carol Anne em "Poltergeist - O Fenômeno" (direção Tobe Hooper, 1982), e "ele está vivo!", clássico grito do doutor Henry Frankenstein ao ver sua criatura em "Frankenstein"(direção James Whale, 1931).
Nós sempre teremos Paris
O repertório de falas inesquecíveis do filme "
Casablanca" (direção Michael Curtiz, 1942) é tão vasto que além das frases realmente ditas por seus personagens há até uma que não existe no filme. A popular "toque mais uma vez, Sam" na verdade é: "Toque, Sam. Toque 'As Tear Goes By'". Fora essa, uma das mais parodiadas frases de "Casablanca" é "nós sempre teremos Paris" dita por Rick Blaine, interpretado por Humphrey Bogart, à bela Ilsa Lund Lazslo, interpretada por Ingrid Bergman. A frase simboliza a sensação de incompletude que permeia todo o filme e seus personagens. Dita numa das cenas de despedida mais emocionantes da história do cinema, ela coroa um filme marcado por diálogos carregados de frases impactantes como quando Ilsa suplica a Rick: "Beije-me. Beije-me como se esta fosse a última vez".
Algo precisa mudar para que tudo permaneça igual
Mais do que uma frase marcante em um diálogo, ela é uma filosofia de vida. No filme "
O Leopoardo" (direção Luchino Visconti, 1963), baseado no livro homônimo de Giuseppe Tomasi Di Lampedusa, "algo precisa mudar para que tudo permaneça igual" sintetiza o pensamento do príncipe Fabrizio di Salina, interpretado por Burt Lancaster. Talvez um dos poucos nobres a perceber as inevitáveis mudanças sociais em andamento na Itália na segunda metade do século 19, Fabrizio, o "leopoardo" do título, busca uma aliança com o representante da burguesia, o "chacal". Ela se dá através do casamento do sobrinho do príncipe com a filha do prefeito da cidade. Na cena do casamento, a disfarçada tristeza da aristocracia e a incontida alegria da burguesia em ascensão expressam de forma marcante o sarcasmo do lema "algo precisa mudar para que tudo permaneça igual".
Houston, nós temos um problema
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Da vida real para as telonas, a frase dita pelo astronauta Jim Lovell numa radiotransmissão da nave
Apollo 13 para o Centro Espacial Lyndon Johnson, em Houston, sintetizou o drama vivido pela missão espacial em 1970. "Houston, nós temos um problema" referia-se aos danos ocorridos em dois dos tanques de oxigênio da espaçonave e o comprometimento do sistema de energia da Apollo. Quase três décadas depois, o filme "
Apollo 13" (direção Ron Howard, 1995) colocou Tom Hanks no papel de Lovell para repetir a histórica frase e mostrar o extraordinário feito dos astronautas e do pessoal da
NASA na Terra para trazer a espaçonave de volta.
Francamente, querida, estou pouco me lixando
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Uma das primeiras produções megalomaníacas do cinema, com suas quase quatro horas de duração, cenários monumentais e elenco, equipes e orçamento colossais, "
E o Vento Levou" (direção Victor Fleming e George Cukor, 1939) foi um épico também no seu sucesso, coroado com dez
Oscars, e na coleção de frases memoráveis que popularizou. Entre elas está a da riquinha e mimada Scarlett O'Hara, interpretada por Vivien Leigh, quando após um período de pobreza e sofrimento promete de forma dramática: "Deus é minha testemunha, jamais passarei fome novamente". Mas de todas as frases emblemáticas da saga de amor, que se passa durante a Guerra de Secessão nos Estados Unidos, a mais icônica é a do conquistador-espertalhão Rhett Butler, interpretado por Clark Gable. Quando a indecisa e birrenta Scarlett finalmente percebe o quanto está apaixonada pelo galã, ele simplesmente vai embora não sem antes soltar a clássica frase: "Francamente, minha querida, estou pouco me lixando".
Mamãe sempre diz que a vida é como uma caixa de chocolates
Uma saga americana entre a década de 50 e os
anos 80 do século 20, "Forrest Gump - O Contador de Histórias" (direção Robert Zemeckis, 1994) coloca o lesado protagonista do título envolvido nos mais marcantes episódios dos Estados Unidos naquele período. Recheado de citações e cenas históricas, o filme mostra um momento cultural de profundas e velozes transformações vistas pelo olhar de um personagem simpático, honesto e inocente interpretado por Tom Hanks, que levou o
Oscar de melhor ator por sua atuação. A inserção e participação ativa desse improvável personagem em alguns dos momentos mais famosos da história contemporânea é expressa pela frase capital dita por Forrest Gump: "Mamãe sempre diz que a vida é como uma caixa de chocolates. Você nunca sabe o que vai encontrar".
Mostre-me o dinheiro
Há frases cinematográficas que têm a capacidade de expressar com precisão os anseios de uma geração. A partir da segunda metade dos anos 90, "mostre-me o dinheiro" tornou-se uma delas ao ir direto ao ponto quando o assunto é negócios. A frase foi usada por Rod Tidwell, interpretado por Cuba Gooding Jr., um jogador de futebol americano em um diálogo com seu agente no filme "
Jerry Maguire" (direção Cameron Crowe, 1996). Tom Cruise interpretou Jerry Maguire, um agente que caiu em desgraça e que tinha apenas Tidwell para empresariar. Para evitar ficar sem nenhum cliente ele tenta convencer o jogador a não trocá-lo por outro empresário. Contra os argumentos emocionais ou racionais usados por Maguire, Tidwell só tem uma pragmática resposta: "mostre-me o dinheiro".
Eu vou fazer uma oferta que ele não pode recusar
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Quando Don Corleone, interpretado por Marlon Brando, em "
O Poderoso Chefão" (direção Francis Ford Coppola, 1972) promete algo, ele cumpre. Para seu afilhado Johnny Fontanne, um popular cantor que está perdendo a voz e que não conseguiu um papel num filme por decisão do chefe do estúdio, Corleone assegura: "Eu vou fazer uma oferta que ele não pode recusar". A frase tornou-se icônica quando se revelou o que significava a proposta irrecusável do poderoso chefão: o executivo do estúdio acorda com uma cabeça de cavalo ensanguentada em cima de sua cama. A cena antológica tornou a frase de Don Corleone uma das mais memoráveis da história do cinema.